Michelle Ramalho nunca jogou futebol na vida, mas é hoje um dos nomes mais importantes do esporte no mundo. Primeira (e única) mulher a sentar na cadeira de vice-presidente da CBF, ela já era apontada como sucessora natural de Ednaldo Rodrigues, o ex-presidente da entidade. Não foi dessa vez, mas a presidente da Federação Paraibana de Futebol (FPF) foi convocada por Samir Xaud, o novo eleito, para ser seu braço direito pelos próximos quatro anos à frente da confederação.
Michelle chamou atenção do grande público quando surgiu acompanhando a cúpula da CBF na Tailândia, ano passado, para o anúncio da Copa do Mundo Feminina, que será no Brasil, em 2027. Não foi a primeira vez que a advogada de 43 anos se misturava aos conhecidos cartolas e boleiros brasileiros.
Ela é, inclusive, uma das maiores incentivadoras e defensoras do futebol feminino, tendo em seu círculo de amizade a jogadora Marta. Não é apenas a famosa atacante que faz parte do cotidiano de Michelle.
Quando está em São Paulo ou no Rio, a vice-presidente da CBF costuma ter a companhia da ex-BBB Iris Stefanelli, uma de suas melhores amigas. É com a loira que Michelle costuma colocar em jogo sua porção festeira. Sim, porque a moça entende de leis e esporte, mas também sabe se divertir.
Sempre elegante, cabelo e unhas feitos, na maior parte das vezes, Michele é a única representante feminina nas reuniões que tratam das diretrizes dos campeonatos no país. Mas fora do futebol, apesar de bem discreta, ela tem uma vida.
Mãe de um casal de filhos já adultos, um estudante e uma cantora, Michelle vive em João Pessoa, e até onde se sabe está solteira. Quando consegue não estar envolvida com a bola, a moça nem se desvincula de esporte. Michelle gosta de fazer mountain bike, remar e até se arrisca a esquiar na água.
Mas se quiser encontrá-la mesmo, basta ir a um estádio. Michele é daquelas que frequenta do campeonato de várzea até partidas decisivas de competições mundiais. Tida como uma gestora que equilibra razão e emoção como poucos, a vice quer tornar o futebol feminino no Brasil uma potência tão forte quanto o masculino, e jura nunca ter sentido o machismo inerente à modalidade.
“Eu quero fazer isso porque sou competente, não por ser mulher. É a mesma coisa de quando entro em campo antes de uma partida do campeonato e a torcida começa a gritar. Chamam de ‘linda’, alguns de ‘gostosa’. Já me perguntaram se considero assédio e, para mim, não é. Eu me preocuparia se gritassem ‘ladra’ ou ‘corrupta’. Isso ninguém grita. Então significa que estou indo bem”, justificou ela em entrevista à “Folha”, em 2022, pouco antes de ser reeleita.