A senadora Eudócia Caldas (PL-AL) foi a única parlamentar do Partido Liberal no Senado que se recusou a assinar o pedido de criação da CPI mista que investigará fraudes no INSS, e o gesto causou estranheza, ruídos e incômodo dentro da base bolsonarista.
Enquanto o PL, maior partido de oposição ao governo Lula, se unificou em torno da Comissão como instrumento de pressão e enfrentamento político, Eudócia optou pelo silêncio e pelo distanciamento. A decisão foi interpretada por aliados como um aceno direto ao Palácio do Planalto, especialmente diante da articulação para nomeação de sua cunhada, Marluce Caldas, a ser indicada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Nos bastidores, a avaliação é de que Eudócia teria cedido ao pragmatismo político: evitou assinar a CPI para não melindrar o presidente Lula, responsável por avalizar a nomeação de Marluce.
O gesto gerou desconforto entre os apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, que veem na CPI do INSS uma oportunidade de expor a fragilidade da máquina pública federal e ampliar o desgaste do atual governo. A ausência da senadora na lista de assinaturas do partido foi vista como traição por alguns membros mais radicais, que já especulam represálias políticas internas.
A mãe do prefeito de Maceió, JHC — hoje em processo de aproximação com a base lulista e prestes a se filiar ao PSB com apoio de João Campos —, Eudócia Caldas parece ter feito sua escolha: priorizou os arranjos familiares e institucionais a uma fidelidade cega à ala bolsonarista do PL.