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Por que asfixia erótica é um risco à saúde?

18/07/2025 14h58 - Atualizado há 16 horas
Por que asfixia erótica é um risco à saúde?
Foto: Reprodução

Popular entre os jovens, a asfixia erótica ganha espaço em conteúdos pornô na internet e é adotada por quem quer, supostamente, aumentar a "adrenalina" no sexo. Mas a prática tem sido vista, cada vez mais, como um problema de saúde pelos riscos envolvidos.

 

Novas pesquisas buscam entender como a asfixia erótica, também chamada de asfixiofilia ou hipoxifilia, pode ser nociva à saúde —e médicos fazem alertas para os riscos.

 

"Não existe forma totalmente segura dessa prática", afirma Sandra Scalco, ginecologista e sexologista, membro da Comissão Nacional Especializada de Sexologia da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).

 

O que é, afinal? E quem pratica?

 

A asfixia erótica é a restrição intencional de oxigênio para aumentar a excitação sexual. Funciona pela compressão de estruturas anatômicas do pescoço —artérias carótidas e a traqueia.

 

Na comunidade BDSM (Bondage, Disciplina, Sadismo, Masoquismo), é também conhecida como choking, breath play e breath control.

 

Nos Estados Unidos, uma pesquisa de 2022 indicou que 58% das universitárias entrevistadas já foram asfixiadas durante o sexo. Na Austrália, em um levantamento com 4.702 pessoas com idades entre 18 e 35 anos, 57% relataram já terem sido asfixiadas sexualmente e 51% afirmaram já terem estrangulado um parceiro. Os dados foram publicados no ano passado.

 

No Brasil, não há estudos estatísticos específicos sobre a prevalência dessa prática na população.

 

Quais os problemas?

 

 

 

Um estudo publicado em maio no Journal of Sexual Medicine revelou níveis elevados de S100B no sangue, um marcador de dano cerebral, em mulheres que haviam sido asfixiadas pelo menos quatro vezes durante o sexo nos últimos 30 dias.

 

As sequelas nem sempre são imediatas e podem aparecer depois de anos da asfixiofilia. Além disso, a recorrência aumenta o risco de mais lesões cerebrais e sintomas.

 

"Todo mundo já ouviu falar em atletas de boxe que correm um risco maior de demência, por exemplo, pelos microtraumas devido aos golpes que recebem na cabeça. Com a asfixia acontece a mesma coisa", afirma Ana Dolores Nascimento, neurologista, doutora em neuropsiquiatria e ciências do comportamento pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco).

 

"Em cada ato de asfixia uma nova lesão isquêmica pela falta de oxigênio pode se formar", disse Ana Dolores Nascimento, neurologista.

 

Em grávidas, há ainda risco aumentado de aborto espontâneo ou sofrimento fetal. Embora os dados sejam limitados, Scalco explica que os possíveis mecanismos incluem hipóxia materna aguda (redução de oxigênio para a mãe e, consequentemente, para o feto) e aumento abrupto da pressão arterial.

 

Nos atendimentos de urgência, quando há confirmação da asfixiofilia, são feitos exames neurológicos completos.

 

"É preciso também aplicar testes para avaliação cognitiva e, se houver suspeita de que um comprometimento cognitivo, deve-se encaminhar para uma avaliação neuropsicológica", explica Lis Campos Ferreira, neurologista do Hospital Universitário de Lagarto, da UFS (Universidade Federal de Sergipe), unidade vinculada à Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).

 

"O mais importante é educar esses pacientes sobre os riscos envolvidos", diz Ferreira.

 

Desmaio, perda de consciência, tonturas, visão turva, cefaleia, formigamentos e esquecimentos estão entre os sintomas provocados pela prática da asfixia erótica. Esses sintomas variam conforme a gravidade das lesões. O risco imediato da asfixia erótica é a morte, mas a prática também pode provocar:

  • trauma de laringe, traqueia ou esôfago, incluindo fraturas cartilaginosas,
  • edema de glote com risco de obstrução das vias aéreas,
  • arritmias e parada cardíaca,
  • vômito e aspiração,
  • desorientação neurológica.

A diminuição de oxigênio no sangue para o cérebro é capaz de desencadear a longo prazo:

 

  • convulsões
  • comas irreversíveis
  • AVC isquêmico (acidente vascular cerebral)
  • doenças degenerativas, como demências
  • depressão
  • ansiedade
  • transtornos de personalidade
  • alteração de humor
  • lesões neurológicas permanentes
  • disfunções cognitivas e motoras sutis ou progressivas
  • lesões na coluna cervical
  • disfonia crônica
  • dor ao engolir
  • rouquidão
  • risco aumentado de dependência de estímulo extremo para excitação,
  • traumas e/ou dissociação -- desconexão temporária da pessoa com a realidade.

Prática tem aumentado entre jovens

Teresa Embiruçu, ginecologista e especialista em sexualidade humana pela Febrasgo e médica do Projeto Afrodite do ambulatório de sexualidade da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), destaca que os jovens têm mais acesso a conteúdo erótico pela internet, sem restrição e sem senso crítico.


FONTE: Por VivaBem/UOL
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