(Cultura) Inventário registra e valoriza tradição da renda de bilros em São Sebastião

Publicação mapeia prática cultural centenária de Alagoas

03/07/2025 18h24 - Atualizado há 20 horas
(Cultura) Inventário registra e valoriza tradição da renda de bilros em São Sebastião
Renda de bilros de São Sebastião ganha reconhecimento histórico e reforça identidade cultural de Alagoas

Daniel Borges / Ascom Secult
 

Considerada um dos maiores símbolos da cultura popular de Alagoas, a renda de bilros do município de São Sebastião acaba de ganhar um importante registro histórico e cultural. Foi lançado no último mês o Inventário Renda de Bilros, produção do antropólogo Levy Félix Ribeiro que reúne relatos, imagens e informações sobre a tradição artesanal que atravessa gerações no agreste alagoano.

 

Entre as personalidades que representam esse legado está Maria de Clarice, reconhecida como Mestra do Patrimônio Vivo de Alagoas desde 2016. Moradora do município, ela simboliza a resistência e o orgulho de uma prática artesanal que ultrapassa o tempo e continua viva nas mãos habilidosas de mulheres rendeiras.

 

O inventário, disponível em formato digital, apresenta não apenas o processo de confecção da renda, mas também o contexto social e cultural das artesãs, a fabricação dos bilros e o passo a passo dessa arte minuciosa, que exige atenção e destreza. A obra ainda reúne perfis de rendeiras como Júlia dos Santos, Maria Verônica, Maria José Davi, Maria Rosa dos Santos, Josefa Seceriana, Vânia Morais, Diva dos Santos Lessa, Maria Vitória e Maria Alice, mulheres que mantêm viva essa tradição no município.

O inventário é resultado do projeto RendeArt, realizado com recurso da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura (Minc), e operacionalizado pelo Governo de Alagoas, por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult).

 

A secretária de Estado da Cultura e Economia Criativa, Mellina Freitas, destacou o impacto da iniciativa para a valorização do patrimônio cultural alagoano.

 

“Preservar e valorizar tradições como a renda de bilros é garantir que a história e a identidade do nosso povo continuem vivas. São práticas como essa, mantidas pelas mãos habilidosas de mulheres como a nossa mestra Maria de Clarice, que nos conectam com nossas raízes e inspiram as novas gerações”, ressaltou a gestora.

Detalhes da prática cultural

 

A renda de bilros, além de ser uma técnica artesanal sofisticada, é um saber transmitido de geração em geração. O processo começa com a preparação dos bilros, carregados com fios, e passa por uma série de movimentos coordenados, onde as rendeiras cruzam e entrelaçam os fios guiadas por um gabarito fixado sobre uma almofada. A tensão dos fios, a precisão nos pontos e o cuidado com os detalhes resultam em peças únicas, aplicadas em roupas, enxovais, itens decorativos e obras de arte.

 

Entre os pontos mais conhecidos da técnica estão o ponto cheio, o ponto rede e o ponto folha, que permitem criar desenhos complexos e elegantes, evidenciando a habilidade das artesãs.

 

O inventário apresenta também um acervo fotográfico que detalha o processo de produção e as peças confeccionadas, revelando a beleza singular da renda de bilros.

 

Um registro para as gerações futuras

 

O antropólogo Levy Félix Ribeiro, que cresceu em São Sebastião e desde criança se encantou com a renda de bilros, enfatizou que o inventário é um registro inicial e didático, que busca estimular o reconhecimento e a continuidade da tradição.

 

 “A pesquisa que resultou no inventário é de grande importância porque contribui com a memória e a valorização das rendeiras de São Sebastião. Ele não é um documento fim. É uma contribuição inicial, didática, que aposta no visual, nas imagens e nos pequenos relatos de quem vive a renda de bilros no interior alagoano”, ressalta Levy Ribeiro.

 

 

O Inventário Cultural é um instrumento que permite identificar, descrever e organizar as informações sobre bens culturais de um povo. Além de preservar a memória social, serve como base para a formulação de políticas públicas de proteção do patrimônio cultural.


FONTE: Governo de Alagoas
Tags »
Notícias Relacionadas »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp