Apesar de estar no centro de investigações bilionárias, a casa de apostas ‘Vai de Bet’ segue com forte presença nos festejos juninos de Maceió. A marca, envolvida em fraudes que somam mais de R$ 2 bilhões, volta a aparecer no São João Massayó em 2025, mantendo sua imagem atrelada a um dos maiores eventos públicos da capital alagoana.
Quem passa pelos bairros da parte baixa da cidade, como Jaraguá e Ponta Verde, encontra totens e painéis com a identidade visual da empresa. A mesma que, no ano passado, promoveu ações no palco principal com apoio direto do prefeito JHC e teve o cantor Gusttavo Lima como estrela — o artista chegou a receber R$ 1,2 milhão para cantar no evento.
Este ano, no entanto, Gusttavo Lima ficou de fora da programação. A ausência do embaixador sertanejo acontece em meio ao agravamento das denúncias que envolvem a casa de apostas. Nesta semana, na terça-feira (23), a polícia concluiu e entregou ao Ministério Público um relatório que detalha o desvio de R$ 1,4 milhão entre a Vai de Bet e o Corinthians. O documento aponta ainda possíveis conexões com o crime organizado.
Mesmo diante da gravidade dos fatos, a Prefeitura de Maceió mantém a parceria com a empresa, que continua sendo promovida em eventos culturais bancados com dinheiro público. A insistência em manter o patrocínio levanta questionamentos sobre critérios éticos e o compromisso com a lisura nas contratações para eventos públicos.
Enquanto outras administrações públicas no Brasil têm evitado vínculos com empresas sob suspeita, a gestão municipal de Maceió caminha na contramão, reforçando a visibilidade de uma marca investigada nacionalmente. A continuidade dessa relação comercial expõe a fragilidade dos mecanismos de controle e a ausência de critérios morais claros na escolha de patrocinadores de eventos populares.
O que mais impressiona é a disparidade no uso dos recursos públicos. Dinheiro para divulgar casas de apostas não falta, mas quando se trata das reais necessidades da população de Maceió, a prioridade desaparece. Basta lembrar que, até o mês passado, a cidade estava submersa em alagamentos, com comunidades inteiras abandonadas à própria sorte — sem estrutura, sem assistência e sem qualquer tipo de preocupação visível por parte da gestão municipal.
Agora, com o São João em evidência, a Prefeitura exibe empenho em promover shows milionários e parcerias com empresas investigadas, como a Vai de Bet. Enquanto isso, profissionais da imprensa que cobrem o evento denunciam o tratamento desrespeitoso que têm recebido, sendo ignorados ou tratados como “cachorros”, como relataram alguns presentes. O contraste revela um governo mais preocupado com holofotes e patrocínios do que com a dignidade e os direitos da população e dos trabalhadores da comunicação.
Agora, influenciadores são tratados como verdadeiras celebridades no camarote do São João de Maceió, enquanto jornalistas e profissionais da imprensa vêm sendo tratados como lixo. A diferença no tratamento escancara uma inversão de prioridades dentro do evento, onde o prestígio dos influenciadores digitais parece valer mais do que o trabalho da imprensa responsável por informar a população.
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