O Partido dos Trabalhadores (PT) em Alagoas vive uma crise que vai além das disputas eleitorais. Vive uma crise de identidade, de princípios e de rumo. A legenda que nasceu das lutas populares, sindicais e comunitárias, construída na base da solidariedade, do companheirismo e da organização coletiva, hoje parece ter se perdido em um ciclo vicioso de disputa interna, vaidades e projetos pessoais, com raríssimas exceções.
Basta olhar com um mínimo de atenção para o funcionamento do partido no estado para perceber um modelo de comando ultrapassado e excludente. Onde deveria haver diálogo, há imposição. Onde deveria haver construção coletiva, há decisão unilateral. Um manda, os outros obedecem. Quem questiona, é isolado. Quem discorda, é rifado. E assim o PT vai se esvaziando.
Essa lógica nefasta — que já é velha conhecida da política tradicional que o próprio PT jurou combater — virou prática dentro do partido. A máxima do “meu pirão primeiro” substituiu o espírito de companheirismo e de luta coletiva. As lideranças, em vez de fortalecer o partido como um todo, priorizam seus próprios interesses, suas próprias candidaturas e seus próprios acordos, muitas vezes, inclusive, desconectados dos princípios históricos da legenda.
O resultado é visível: o partido perde capilaridade, perde inserção nas comunidades, perde espaço nas câmaras municipais e, principalmente, perde o respeito dos movimentos sociais que, outrora, eram sua maior base de apoio e sustentação.
O PT de Alagoas se afastou das frentes progressistas, das associações de bairro, das lideranças comunitárias, movimento estudantil, dos sindicatos combativos e das organizações populares. Ao invés de ser um instrumento de transformação, virou uma máquina burocrática, pesada, centralizada e distante do povo que diz representar, com discretas atuações para não generalizar.
Não se faz política progressista sem diálogo, sem construção coletiva, sem abrir espaço para a renovação e sem devolver ao povo o protagonismo do processo. O Diretório Estadual do PT/Alagoas, que deveria ser ponte, virou muro. E muro não une. Muro separa.
Enquanto isso, os setores mais retrógrados da política alagoana avançam. Crescem ocupando os espaços que o PT abandonou. E o mais triste é que, na prática, isso não é obra do adversário, mas sim das próprias escolhas internas de um partido que se fechou em si mesmo.
Se não houver uma profunda autocrítica, acompanhada de uma verdadeira reorganização interna — democrática, aberta, participativa e enraizada nos territórios — o destino do PT em Alagoas será continuar como coadjuvante de luxo em disputas eleitorais, sem influência real nos rumos do estado e cada vez mais distante de seu povo.
O PT não foi feito para ser legenda de aluguel, nem trampolim para projetos pessoais. Foi feito para ser instrumento de luta e transformação social. Se não for pra isso, perde o sentido de existir.
A direção do diretório estadual vem sendo acusada de usar recursos do fundo eleitoral para beneficiar parentes e amigos.