Esquema milionário pode envolver secretarias, empresas de fachada e lavagem de dinheiro; ex-prefeito tentou destruir provas jogando celular no mato, revela investigação.
Por Repórter Mirim
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O município de Rio Largo, na Região Metropolitana de Maceió, volta a ser palco de um escândalo de proporções gigantescas envolvendo o nome do ex-prefeito e ex-secretário de Governo, Gilberto Gonçalves. Documentos obtidos com exclusividade pelo Repórter Mirim revelam que uma nova investigação do Ministério Público Estadual (MPE), com apoio da Polícia Federal, investiga um sofisticado esquema de corrupção que teria desviado mais de R$ 35 milhões dos cofres públicos, entre 2022 e 2024.
O esquema, segundo as investigações, operava através de empresas de fachada contratadas para serviços de limpeza urbana, transporte escolar, fornecimento de materiais de saúde e construção civil. As empresas simulavam a prestação dos serviços, enquanto o dinheiro era desviado em saques fracionados e transferências para laranjas.
Celular jogado no mato
Durante uma das operações de busca e apreensão, os agentes flagraram uma cena digna de filme: ao perceber a chegada da polícia, Gilberto Gonçalves lançou seu próprio celular no quintal de um vizinho, numa tentativa desesperada de destruir provas. A equipe conseguiu recuperar o aparelho, que agora está sob perícia, e já revelou trocas de mensagens comprometedoras com empresários, vereadores e até servidores do alto escalão da prefeitura.
“Os diálogos indicam claramente que Gilberto articulava pessoalmente os pagamentos ilícitos, pressionava secretários e controlava cada etapa do esquema”, revelou uma fonte ligada à investigação.
Modus operandi
O esquema operava com uma precisão cirúrgica:
• Empresas ligadas a familiares e aliados venciam licitações simuladas.
• A prefeitura realizava pagamentos superfaturados.
• O dinheiro era sacado em espécie, sempre em valores abaixo de R$ 50 mil, para driblar o controle do Coaf.
• Parte dos valores ia parar em contas de laranjas, compra de imóveis de luxo, veículos e investimentos fora do estado.
Blindagem política
O inquérito também aponta indícios de compra de apoio na Câmara Municipal, com vereadores recebendo contratos e indicações de cargos fantasmas em troca de silêncio e apoio político.
Além disso, documentos mostram que Gilberto utilizava sua influência junto a deputados federais e senadores para assegurar a chegada de verbas via “orçamento secreto”, que, segundo a apuração, também foram alvo de desvios.
Racha familiar e crise na Prefeitura
O escândalo vem à tona em meio a uma grave crise política familiar. Gilberto rompeu com seu sobrinho e atual prefeito, Carlos Gonçalves, após tentativas de manipular contratos e o controle total da gestão municipal. Nos bastidores, circulam denúncias de que o ex-prefeito tentou arquitetar um “golpe branco” para reassumir o comando político da cidade, chegando a forjar documentos e falsificar atas de reuniões.
Bloqueio de bens e nova denúncia
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 48 milhões em bens ligados a Gilberto, incluindo imóveis em Maceió, Maragogi, Recife e até fora do país, além de veículos de luxo e empresas de fachada. Uma nova denúncia por organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e fraude em licitação foi formalizada pelo Ministério Público.
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População indignada
Moradores de Rio Largo reagiram com revolta nas redes sociais e prometem realizar manifestações cobrando providências. “Estamos cansados de ver nossa cidade saqueada!”, disse um líder comunitário.
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O outro lado
A reportagem tentou contato com Gilberto Gonçalves, que, até o fechamento desta matéria, não se pronunciou oficialmente.
Gilberto Gonçalves, ex-prefeito de Rio Largo (AL), possui um histórico extenso de envolvimento em escândalos de corrupção, abrangendo desde desvios de verbas públicas até lavagem de dinheiro e fraudes em licitações. Abaixo, apresento um dossiê detalhado com os principais casos documentados:
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Dossiê: Gilberto Gonçalves e os escândalos de corrupção em Rio Largo
1. Operação Taturana (2007)
• Contexto: Investigação da Polícia Federal sobre um esquema de desvio de aproximadamente R$ 300 milhões da Assembleia Legislativa de Alagoas.
• Envolvimento: Gilberto Gonçalves foi preso e acusado de formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro nacional.
2. Operação Beco da Pecúnia (2022)
• Esquema: Desvio de recursos das secretarias de Saúde e Educação de Rio Largo por meio de empresas de fachada, como Litoral Construções e Reauto Peças.
• Modus operandi: Saques fracionados de R$ 49 mil para evitar o rastreamento pelo Coaf, totalizando mais de R$ 18 milhões.
• Consequências: Gonçalves foi preso após tentar destruir provas, lançando seu celular no terreno vizinho durante cumprimento de mandado de busca.
3. Desvios via Orçamento Secreto
• Fatos: Em 2021, Rio Largo recebeu mais de R$ 15 milhões em emendas do chamado “orçamento secreto”.
• Acusações: A Polícia Federal identificou que parte desses recursos foi desviada por meio de empresas de fachada, com saques em espécie realizados por pessoas ligadas ao prefeito.
4. Processos Judiciais e Condenações
• Ocultação de bens: Acusado de utilizar empresas vinculadas para ocultar patrimônio, inclusive envolvendo familiares.
• Funcionários fantasmas: Denúncias de pagamento a servidores que não prestavam serviços efetivos à prefeitura.
• Improbidade administrativa: Condenado em duas instâncias por atos de improbidade, com processos ainda em andamento.
5. Conflitos Políticos e Familiares
• Exoneração: Em abril de 2025, foi exonerado do cargo de secretário Especial de Governo de Rio Largo após acusações de tentativa de golpe político envolvendo seu sobrinho, o atual prefeito Carlos Gonçalves.
• Crises internas: A família Gonçalves esteve envolvida em disputas políticas e denúncias de falsificações de documentos, agravando a instabilidade no município.
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Conclusão
Gilberto Gonçalves é uma figura central em diversos escândalos de corrupção que afetaram Rio Largo nas últimas décadas. Apesar das múltiplas acusações, prisões e processos judiciais, ele manteve influência política significativa na região. As investigações continuam, e seu futuro político permanece incerto diante das acusações pendentes.
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