Uncisal e 16ª Vara de Execução Penal firmam parceria para levar cursos EaD a reeducandos em Alagoas

Parceria com 16ª Vara de Execução Penal de Maceió foi firmada nesta quarta-feira

Danielle Cândido / Ascom Uncisal
 

A Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) firmou, nesta quarta-feira (9), uma parceria inédita com a 16ª Vara de Execução Penal de Maceió para levar cursos de ensino a distância (EaD) a reeducandos do sistema prisional alagoano. A proposta é oferecer formação técnica e superior, promovendo qualificação, empregabilidade e cidadania para pessoas privadas de liberdade, com início previsto ainda para agosto.

A reunião que selou o acordo ocorreu na Reitoria da Uncisal e contou com a presença do reitor, professor Henrique de Oliveira Costa; do juiz da 16ª Vara, Alexandre Machado; do pró-reitor de Ensino e Graduação da Uncisal, professor George Márcio; e da pedagoga da Vara de Execução Penal, Juliana Santos Silva, além de técnicos das duas instituições.

“A Justiça sempre atuou como parceira e, agora, é a nossa vez de retribuir com um projeto que tem enorme impacto social. Acreditamos que a educação liberta, transforma e devolve dignidade. Essa parceria vai possibilitar que os reeducandos tenham uma nova chance e encontrem na educação uma forma de se reinserir na sociedade”, afirmou o reitor Henrique Costa.

Segundo ele, além da qualificação profissional, a iniciativa visa, também, melhorar a autoestima dos participantes e abrir caminhos para o empreendedorismo, especialmente no setor do turismo, uma das vocações econômicas mais fortes do Estado.

O primeiro curso previsto é o tecnológico em Gestão Empreendedora e Inovação no Turismo, com início programado para agosto deste ano. Também poderá ser ofertado, por meio da Escola Técnica de Saúde Professora Valéria Hora (Etsal), unidade acadêmica da Uncisal, cursos técnicos voltados ao público do sistema prisional. Outra ação é o projeto de extensão Unci Aprova, cursinho pré-vestibular da universidade, que poderá atender aos familiares dos reeducandos.

O juiz Alexandre Machado destacou a urgência de ações educacionais voltadas ao sistema prisional. “Temos cerca de cinco mil pessoas apenas no regime fechado, sem qualquer acesso à educação, que é um direito básico. Sem parcerias como essa, não conseguimos avançar. A Uncisal está se propondo a ser uma aliada fundamental nesse processo de transformação”, declarou.

De acordo com ele, já existem experiências positivas em unidades prisionais alagoanas, como o programa de alfabetização dentro do sistema e até reeducandos que, após aprenderem a ler, conseguiram ingressar no ensino superior. “Estamos falando de romper ciclos. Em alguns casos, os próprios reeducandos passam a alfabetizar os colegas, lerem para os filhos. Isso é um impacto verdadeiro”.

A pedagoga da 16ª Vara, Juliana Santos Silva, afirmou que a meta é ampliar significativamente o número de reeducandos com acesso ao ensino superior. “Hoje, temos menos de 150 pessoas com esse direito garantido. Com essa parceria, buscamos elevar esse número e incluir também a oferta de ensino técnico, o que é igualmente importante”.

O titular da Pró-Reitoria de Ensino e Graduação, o professor George Márcio, reforçou o papel social da universidade. “Queremos ser aliados da Justiça e ampliar nosso alcance social. O sistema prisional é um espaço em que a atuação da Uncisal pode fazer muita diferença. Cursos como esses mudam a realidade dos reeducandos e impactam positivamente todo o entorno social”, avalia.

Ao fim da reunião, ficou definido um conjunto de ações a serem implementadas nos próximos meses. Além da graduação tecnológica e da possibilidade de oferta de cursos técnicos, está prevista a oferta de uma pós-graduação voltada ao corpo técnico da 16ª Vara de Execução Penal - os policiais penais, reforçando a qualificação de quem atua diretamente com a população carcerária.

Para o reitor Henrique Costa, essa será uma experiência com potencial de se tornar referência nacional. “A Uncisal quer mostrar ao Brasil que é possível unir educação e justiça para transformar vidas. Vamos estimular outras universidades públicas a abraçarem essa causa, que pode beneficiar até 15 mil pessoas nos regimes aberto, semiaberto e fechado. Temos tudo para transformar essa parceria em uma vitrine de impacto social — e, quem sabe, até em um trabalho científico que demonstre os resultados concretos dessa iniciativa”, avalia.