O Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, realizou mais uma captação de órgãos nesta quinta-feira (18), contribuindo para reduzir a fila de espera por transplantes em Alagoas, que conta, atualmente, com 536 cadastrados. A ação ocorreu graças ao empenho da equipe qualificada da Organização de Procura de Órgãos (OPO) da unidade hospitalar, que tem se destacado pela realização de ações de conscientização, sensibilização e capacitação.
O resultado desse esforço é um notável aumento na frequência de familiares que optam por esse gesto solidário, o qual, segundo eles, representa um gesto de caridade. Entre estes familiares está a estudante Kamila Vitória, de 21 anos de idade, que se despediu do avô depois que a família autorizou a doação de seus órgãos, mediante o diagnóstico confirmado de morte encefálica.
“O meu avô foi um exemplo de homem, ele nunca deixou faltar nada em nossa casa. Eu morava com ele e com a minha avó. Ensinou-me muita coisa, mesmo com as nossas desavenças. Nunca me deixou, sempre fez tudo pela família e gostava de fazer as suas caridades. Foi muito doloroso para nós receber o diagnóstico de morte encefálica, mas, analisando a sua vida, precisando tomar essa decisão, entendemos que o ‘sim’ o representa, é a sua última doação em vida”, relatou Kamila Vitória, emocionada e orgulhosa do homem que, para ela, sempre será seu "grande herói".
Com essa tomada de decisão, a equipe da Central de Transplantes de Alagoas, ligada à Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), entrou em ação para mobilizar os profissionais, equipamentos e insumos necessários para a realização da captação dos órgãos com segurança. Nesse caso, por se tratar de um idoso que tinha 71 anos, com comorbidades, o recomendável foi a retirada dos rins e córneas, os quais ajudarão no restabelecimento da saúde de outras quatro vidas.
“Tudo isso significa o engajamento e o trabalho árduo de toda uma equipe que se dedica a dar esse diagnóstico, que é um dever do hospital e também um direito da família. E, com certeza, um ato de muito amor, um ato de muita generosidade dessa família, que no seu momento de maior dor, pôde dizer ‘sim’ à doação. E, com isso, mais pessoas vão estar saindo de uma lista de espera por transplante”, pontuou Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas.
Em Alagoas, das 536 pessoas que aguardam por um transplante de órgãos, 502 esperam pela doação de córneas, 30 por um rim e quatro por um fígado. O Brasil, segundo o Ministério da Saúde (MS), possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Então, pense sobre isso, converse com os seus familiares, decida ser um doador de órgãos, decida continuar salvando vidas. Pense que os órgãos do seu ente querido que partiu estarão ajudando a salvar a vida de centenas de pessoas que esperam por um chance para continuar vivendo”, aconselhou Daniela Ramos.